PedagogIA: como aliar a inteligência artificial à rotina dos professores

Às vezes, a realidade pode ser mais estranha do que a ficção. Após décadas assistindo filmes com ciborgues exterminadores e androides programados para amar os seres humanos, quem imaginaria que, no mundo real, pudéssemos discutir tanto sobre a influência de um robô na nossa vida?

Pois o advento do ChatGPT e de outras ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa ainda causa frisson na sociedade. Obviamente, a polêmica não escapa do setor educacional. Inclusive, há quem diga que os primeiros a serem substituídos pelos robôs serão os professores.


Ledo engano. A IA não vai tornar a atividade docente obsoleta. Pelo contrário: em tempos de fake news e de bombardeio de conteúdo por todos os lados, o trabalho dos educadores na formação de estudantes com pensamento crítico é mais relevante do que nunca.

A inteligência artificial veio para agregar na educação. Da produção de material didático à tutoria personalizada dos estudantes, ela está mais para um “meio” – e não um fim em si mesma. O risco, portanto, não é perder o emprego para uma IA. O maior risco é de perder o trabalho para alguém que sabe como utilizá-la.

“Hoje, muitos professores veem essas tecnologias como uma ameaça. É importante haver um trabalho de capacitação, para que eles entendam como os recursos funcionam e percebam que não se trata de nenhum bicho de sete cabeças”, afirma Isabella Stulp, CEO e co-founder da Realize, plataforma especializada em gestão e criação de materiais didáticos.

Vencendo a desconfiança da inteligência artificial

Um dos principais atrativos das ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, é a sua capacidade de criar conteúdo original em questão de segundos. Em diversas escolas e universidades, porém, essa não foi uma aplicabilidade bem-recebida. Como não é uma mera cópia da internet, o conteúdo gerado pela IA dificulta a detecção de plágio nos trabalhos dos alunos.

Sem dúvida, esse é um desafio a ser superado. Mas evitar a tecnologia não é uma opção. “As grandes invenções sempre surgiram com o objetivo de beneficiar a humanidade. Não é porque algumas pessoas utilizam essas ferramentas para fins errados que devemos barrar a evolução”, argumenta Isabella.

Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o uso da IA na educação é um caminho sem volta. Conforme o estudo, 50% das escolas públicas e privadas do Brasil terão tecnologias com tutores inteligentes, gamificação, robótica e learning analytics até 2030.

A revolução na aprendizagem, que alguns pesquisadores batizaram de pedagogIA, está só começando. A missão dos educadores é descobrir como explorar o potencial dessas ferramentas de forma crítica e criativa. A seguir, daremos algumas dicas para você entender melhor como a inteligência artificial pode ser uma aliada dos professores.

Não fique pra trás

Recentemente, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou um guia rápido sobre o uso do ChatGPT na educação superior. O manual é extremamente didático e acessível até para quem não tem nenhuma familiaridade com a ferramenta.

O guia também lista 10 possíveis aplicações que podem ser exploradas pelos docentes:

  • Motor de possibilidades: a IA gera formas alternativas de expressar uma ideia. Quando os estudantes fazem uma consulta, podem recorrer à função “regenerar resposta” para avaliar as demais alternativas;

  • Adversário socrático: nesse caso, a inteligência artificial atua como um “oponente” para desenvolver argumentações. Os alunos inserem prompts no ChatGPT seguindo a estrutura de um debate, e os professores podem pedir a eles que utilizem a ferramenta para se preparar para as discussões;

  • Coach de colaboração: os estudantes podem fazer grupos para pesquisar e resolver problemas juntos. Com a ajuda da IA, obtêm informações para concluir suas tarefas;

  • Guia auxiliar: o ChatGPT serve como um orientador para os professores gerarem conteúdos para suas aulas, incluindo questões para debater e conselhos sobre como apoiar os alunos na aprendizagem de conceitos específicos;

  • Tutor individual: aqui a IA interage de forma personalizada com cada aluno e dá feedback imediato sobre seus progressos, com base nas informações que recebe dos professores ou dos resultados de testes feitos pelos estudantes;

  • Co-designer: os professores podem pedir ajuda para elaborar ou atualizar um currículo (adotando rubricas para avaliação, por exemplo) ou torná-lo mais acessível;

  • Exploratório: os docentes podem fornecer informações básicas para os alunos, que consultam o ChatGPT para saber mais sobre o assunto. Nesse modelo, a IA pode ser usada como suporte no aprendizado de idiomas;

  • Companheiro de estudos: ao relatar ao ChatGPT seu nível atual de compreensão sobre um determinado conteúdo, o estudante pode receber insights de como aprofundar os estudos;

  • Motivador: a IA é utilizada para estimular o aprendizado por meio de jogos e desafios. Nesse caso, os professores podem recorrer ao ChatGPT para obter ideias sobre como estender a aprendizagem depois de oferecer um resumo sobre o nível atual de conhecimento dos alunos (com questionários e exercícios, por exemplo);

  • Avaliador dinâmico: a inteligência artificial fornece aos educadores um perfil do conhecimento de cada estudante. Isso pode ser obtido a partir de um diálogo do tipo tutorial entre o aluno e o ChatGPT.

    Se você ainda está em dúvida de que o futuro da educação passa pela inteligência artificial, fica o convite para conhecer a MAVIS. A nova plataforma da Realize, que estará disponível em breve, vai reunir o que há de mais avançado em IA para orientar os docentes na criação de conteúdo personalizado de forma acessível e inclusiva. Quer saber mais sobre nossos planos? Entre em contato agora!