Como inovar no contexto da educação a distância?

Por Isabella Stulp, CEO e co-founder da Realize

 

Até alguns anos atrás, os recursos tecnológicos disponíveis para a produção de conteúdo educacional eram bem limitados. Não existiam muitas opções sofisticadas de tecnologia para que professores e designers instrucionais produzissem conteúdos muito criativos. Nos últimos anos, porém, tudo mudou – e de uma forma bastante rápida.

 

Atualmente, existem várias plataformas, recursos e ferramentas que possibilitam a criação de materiais didáticos interativos, engajadores e inclusivos. São recursos que acompanham os novos hábitos. Isto é, que consideram a maneira como as pessoas consomem conteúdo em suas vidas.

 

Mas nem tudo são flores. O desafio de uma expansão tecnológica tão vertiginosa é que educadores e designers instrucionais ainda não foram capacitados o suficiente, a ponto de poder explorar o melhor que essas tecnologias oferecem. O quadro é ainda mais desafiador à medida que os profissionais são constantemente cobrados a inovar naquilo que fazem, especialmente quando o assunto é educação a distância (EAD).

 

Cabe a indagação: afinal, o que é “inovação” no contexto EAD? Como é possível inovar na educação a distância se, muitas vezes, não há conhecimento e recursos financeiros para isso?

 

Reconheço que a palavra “inovação” pode assustar à primeira vista. É que ela remete a algo totalmente novo, que não existe ou que ainda não foi inventado. E, quando cobramos inovação dos educadores, sem delimitar com precisão os objetivos dessa inovação, estamos basicamente dizendo: “Vamos lá, crie um conteúdo com recursos totalmente únicos, diferentes de tudo que o mercado já viu!”.

 

Nessas circunstâncias, é natural que muitos se sintam perdidos e até mesmo desmotivados. Esse nível de inovação exige uma equipe inteira de design de produto para – conforme o design thinking –definir, idealizar, prototipar e testar. Isso leva tempo. E custa dinheiro.

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Mas como inovar na educação a distância?
Olhe ao seu redor!

Agora, vamos levar essa reflexão para a realidade de uma Instituição de Ensino Superior (IES). Na maioria das vezes, não existe um budget muito elevado e muito menos um cronograma confortável para a inovação. Dito de outra forma, é como se a disrupção estivesse praticamente descartada.

 

Se olharmos em volta, porém, talvez seja possível ter resultados incríveis e atingir objetivos muito mais rapidamente. Como fazer isso? Bem, uma das maneiras é trazendo para o contexto educacional recursos de outros nichos que já foram testados e validados em suas próprias áreas.

 

Diversas empresas, hoje em dia, já se beneficiam dessa inovação incremental. Quer um exemplo: quantos aplicativos e sites você já viu usando aquele recurso estilo “stories”? Originalmente, esse formato veio do Snapchat, mas aí o Instagram fez a sua versão e hoje ele é utilizado em muitos outros contextos. A mesma coisa para a gamificação do Duolingo e o famoso botãozinho de “like”: começou com o Facebook e hoje está por toda parte!

 

Sabemos que esses formatos engajam – eles já foram testados! As pessoas já sabem como funcionam e estão totalmente habituadas com eles. Tão habituadas que a interação “ser humano versus interface”, nestes casos, é intuitiva e automática, principalmente entre os mais jovens.

 

Ao inserirmos recursos assim no contexto educacional, amenizamos a carga cognitiva do estudante, que já está recebendo um grande volume de informação nova e não precisa de mais um elemento para dificultar o processo de aprendizagem.

 

Oferecer um formato de interação, que já é natural para esse aluno, vai criar uma nova conexão e uma sensação de familiaridade.

 

Uma das heurísticas do pai da usabilidade, Jakob Nielsen, é “reconhecimento em vez de memorização”. Ou seja, se oferecemos para esse estudante uma interface que ele reconheça, a experiência de usabilidade desse material será muito superior.

 

A conclusão é que inovar na educação a distância não precisa ser um bicho de sete cabeças. Nada disso. Basta olhar para o mundo digital de hoje e observar quais recursos podem ser adaptados para o contexto educacional. 

 

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